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Pássaro Madrugador | O Conto | Parte 2

 




Pássaro Madrugador | O Conto | Parte 2




Carlos Henrique era um homem decidido, estava na praia com sua noiva, tentava contar para ela, que o relacionamento deles estava acabado para ele, que não se sentia pronto para casar, na verdade o que o prendeu nos primeiros três anos do relacionamento com Tatiane foi apenas o sexo, ela era excepcional, tinha um corpo perfeito, aliás ela era modelo fotográfica, fazia um boquete que o deixava louco, e além disso era muito, muito, muito boa de cama mesmo. 

Mas aquilo não era suficiente, o sexo era bom, mas ela como mulher fora da cama, não tinha conteúdo, ele nem mesmo sabia dizer a quanto tempo não tinha uma conversa decente, ela só falava de moda, dinheiro, mulheres gordas, estrias, era apenas preocupações vãs. 

Seu futuro estava nas mãos do parceiro, e na conta bancária dele, ela não o ouvia, ele não conseguia ter uma conversa de adulto com ela, e isso o incomodava bastante. 

O céu estava tão estrelado naquela noite, aproveitou que Taty foi buscar umas cervejas e se concentrou no cruzeiro do sul, no auto de seus olhos, sentiu a brisa em seu rosto, inspirou e expirou várias vezes aquecendo seus pulmões daquele ar tranquilo, sem se irritar com a voz que apesar de suave, se tornava estridente em seus ouvidos.

Sentiu-se a vontade enquanto estava sozinho sem a companhia que por muitas vezes se tornou desagradável, por suas palavras toscas, e que para ele não tinha sentindo, lembrou que por muitas vezes, teve que passar horas a beijando para cala-la. O beijo era envolvente, sem pegada para ele — Provavelmente ela acha que eu a amo — pensou alto enquanto refletia sobre como terminar um relacionamento que para ele não existia a muito tempo. 

Carlos Henrique sentiu um perfume doce no ar, observou ao redor do cais, resolveu ver se sua futura ex-noiva estava de volta com as cervejas, era algo que ele queria muito, às bebidas, ao chegar próximo do final da areia, na entrada do cais, às luzes da cidade se apagam, seus cabelos longos e desarrumados voam com a brisa forte do mar, de costas para a entrada onde separa a areia do cais.

Ele observa a escuridão da cidade, vendo apenas o brilho da água refletindo a luz da lua, que o sol generosamente lhe cedeu naquele momento de escuridão, ainda assim não conseguia ver nada, mas ouvia nitidamente uns passos leves atrás de si, — Taty é você? — pergunta indo de encontro aos passos que logo cessam, instintivamente ele como um atleta ágil segura em seus braços, um corpo esbelto, cheio de curvas, e nota uma pele macia, e um cheiro floral, que o fez pensar — Que perfume bom. — falou em um sussurro quase inaudível, seus cabelos cobriram seu rosto, com o movimento feito. 

Não deixando que aquela moça chegasse ao chão, naquele breve minuto sentindo a pele macia em seus braços, seu corpo respondeu instintivamente, seu membro enrijeceu condenou o volume no short de praia que vestia, agradeceu aquele blackout assim não dava para ver o seu estado, e no mesmo instante o condenou por não conseguir enxergar o rosto da jovem, que cairá em seus braços. 

Uma voz suave que ele nitidamente conhecia o fez largar de sua proteção, aquele corpo que o fez acender em minutos, — Amor? — Era Taty que voltava do bar com as cervejas nas mão, ele não soube explicar o acontecido, mas desejava ter visto a dona daquele corpo, ou pelo menos ter ouvido sua voz, mas a única coisa que ficou em sua memória, foi a pele suave, o perfume floral, e aquela respiração que o excitou só de lembrar. — Mas o que estou fazendo era uma estranha. —Diz para si mesmo. 

— Carlos quem era? — pergunta assim que vê um vulto se afastar do noivo.

— Não sei, ela esbarrou. Em Mim. Deve ter sido por causa do apagão. — Conclui indo em direção a Taty pegando uma das garrafas, logo derrama o líquido em sua garganta, emitindo um gemido de prazer — Essa é das boas. Taty concorda satisfeita. 

Minutos depois o casal deixa a praia, Carlos ainda se prepara para dizer adeus ao noivado, imaginando o escândalo após uma noite agradável, mas de hoje não pode passar, ele observa a modelo quieta no banco do passageiro de sua Strada do ano, ela se mostra calma, com certeza esperando uma noite de sexo com seu futuro marido, ele bufa e continua sua viagem, mas ele não a leva para sua casa, ela ao perceber que o caminho leva a sua casa questiona — Não vamos para seu apartamento? 

— Não, vou te deixar em casa. — responde pensando se deve terminar com ela ali mesmo. 

— Taty a gente precisa conversar sobre o nosso relacionamento — ele suspira reduz a velocidade, e estaciona na porta da casa dela, e continua seu discurso — Não está mais dando certo pra mim. 

Ao ouvir as palavras de Carlos Henrique ela o olha com espanto, um nó se forma em sua garganta, ela tenta segurar as lágrimas que queimam em seus olhos — Mas porquê? 

Suas palavras saem quase em um sussurro, em meio as lágrimas. — Eu não quero te magoar. — ele diz tentando acalmá-la. 

— Você fez eu ter o melhor dia da minha vida ao seu lado, e no final da noite quer terminar comigo? — ela berra histérica. 

— Eu não queria te magoar. — lamenta. 

— Eu não quero terminar, eu te amo Carlos, por favor. A gente se dá tão bem. — ela se inclina o puxando e cola seus lábios nos dele. Ele responde afastando seus lábios.


—Taty não faz isso, eu já disse. Não quero mais nada com você. Esse relacionamento acabou a muito tempo, você que não se deu conta. — diz afastando ela de seu corpo. 

— Você é um miserável eu fiz tudo por você, você não tem o direito de me jogar fora como se eu fosse uma qualquer. Seu escroto. — ela tenta agredi-lo se mostra descontrolada, ele a segura, abrindo a porta do carro e a empurrando para fora, tentando não machuca-la. — Para com isso Taty eu não quero machucar você. 

A garota deixa ser posta, para fora do carro, ele arranca pensando o quanto isso foi desnecessário, talvez depois com mais calma ela entenda tudo, mas apesar de deixá-la ele pensa se realmente foi uma boa ideia, não que ela a amasse mas agora teria que procurar por sexo. Talvez se ela esquecesse do casamento, não era isso que ele queria. 

Carlos queria curtir, foder, e ser um homem livre, aceitar noivar com Tatiane foi burrice desde o início. A final ele nunca gostou mesmo de nenhuma mulher, as mulheres era um símbolo sexual para ele, nem mesmo ele entende como deixou ir tão longe o relacionamento deles. Talvez foi o sexo que era bom, mas nada na vida de Carlos Henrique é para sempre. 

Ele é um homem livre, tem uma ótima posição social, veio de uma família de prestígio. Mas enquanto ele brincava de um relacionamento sério com a Taty, ele viu sua vida passar por três anos e agora ele reconhecerá que não estava disposto a isso. 

Depois da noite quase desagradável, chegou em casa, com uma sensação de vazio, eram seus braços que reclamava por está disponível, sem uma pele macia, sem sentir as curvas de uma desconhecida, ele acabou de terminar com Taty e está pensando numa desconhecida. Talvez a vontade de ter outras mulheres em seu poder, fosse o real motivo para terminar o relacionamento de três anos. 

*****

Continua.


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