📢O Custo da Exploração: Por que cada vez mais trabalhadores estão dizendo “não” às condições desumanas de trabalho


Por Samara Melo | Julho de 2025


Enquanto alguns empregadores culpam a "falta de mão de obra" pelo aumento de vagas não preenchidas, a realidade é outra — e muito mais alarmante. Não se trata de escassez, mas de consciência coletiva. Cada vez mais profissionais têm se recusado a aceitar condições abusivas que comprometem não apenas a qualidade de vida, mas a dignidade humana.


Em diversos setores, especialmente no comércio e nos serviços, a rotina é marcada por jornadas de 12 horas, com escala 6x1, sem o pagamento de hora extra e sem o mínimo garantido por lei, como vale-refeição, vale-transporte, plano de saúde e auxílio-creche. Para mães e gestantes, o cenário é ainda mais cruel: relatos apontam mulheres grávidas sendo forçadas a trabalhar até o momento do parto — algumas, infelizmente, perdendo os filhos por negligência e sobrecarga.


“Eu vi uma colega dar à luz no banheiro da empresa porque negaram a liberação mesmo com fortes dores. E depois disseram que foi ‘imprevisto’”, relata uma funcionária que preferiu não se identificar. Casos como esse, embora pareçam isolados, têm se repetido e são facilmente encontrados em reportagens, redes sociais e conversas familiares.


A promessa de contratação para uma função acaba virando acúmulo de tarefas, sem reajuste salarial. Recepcionistas que viram faxineiras, operadoras de caixa que precisam cuidar de setores inteiros, e atendentes que fazem papel de líderes. “Nos contratam para uma coisa, mas querem que a gente exerça mil funções. E tudo isso por um salário que não cobre nem o básico da sobrevivência”, denuncia outro trabalhador.


Esse cenário não é novo — mas o que mudou foi a postura. Profissionais começaram a recusar contratos exploratórios, a buscar capacitação em outras áreas, a empreender, e, acima de tudo, a dizer “basta”. A famosa “falta de mão de obra” nada mais é do que o reflexo de um mercado que se recusa a evoluir.


Enquanto isso, empresas que oferecem melhores salários, benefícios e respeito à jornada de trabalho não enfrentam dificuldades em contratar. O recado está dado: ou investe-se em dignidade, ou o abandono das vagas continuará.


“Não queremos luxo, só o básico que garanta saúde, tempo de qualidade com nossos filhos e respeito pelas nossas vidas”, conclui uma trabalhadora.


📌 O futuro do trabalho não pode ser sustentado à base de exploração.

Investir em condições humanas não é custo, é sobrevivência — e é justo.


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