É fato que ao longo do tempo as mulheres conquistou o seu espaço na sociedade. Uma em especial, conseguimos o tão sonhado espaço no coração dos leitores, tanto homens quanto na própria comunidade feminina, que aliás é o gênero que mais consome conteúdo literário voltado ao erotismo. Conquistamos o direito de voto, o nosso espaço dentro do mercado de trabalho em diversos aspectos, inclusive na literatura. Até no aspecto sexual encontramos o nosso lugar, encontramos a liberdade de poder nos expressar e contar um pouco dos nossos fetiches e desejos, falar de sexo já é uma grande quebra nós paradigmas da sociedade. Algo que mesmo com a quebra desses tabus, ainda é má interpretado pela parte "conservadora" no entanto alguns aspectos se destacam.
Como o conceito de "Mulher Ideal" imposta pela literatura erótica. O que é isso? ok... vamos aos exemplos.
Após o sucesso do livro da autora americana E.L James com o a trilogia "Cinquenta Tons de Cinza" que trouxe também o filme no qual também é/foi um grande sucesso, mostra para o público um homem rico, dominador, "macho alfa" (conceito muito ultrapassado) que se apaixona por uma mulher, pobre, com baixa autoestima, inexperiente em relacionamentos, e insegura, além de mostrar um relacionamento abusivo, e psicologicamente afetado, o romance passa por vários abusos, desde o controle do que vestir, com quem conversar, aonde ir, até abrir mão dos seus desejos sexuais para satisfazer o outro. — Quantas mulheres já sofreram e sofrem com relacionamentos assim? — E infelizmente é comum ver esse tipo de relacionamento sendo romantizado por ESCRITORAS E ESCRITORES. Além da personagem ter de se adaptar a vida do protagonista, ou seja ela abriu mão de si pelo relacionamento.
Escrever é uma dádiva, podemos mudar o pensamento de milhões de pessoas quando o assunto for de utilidade pública como por exemplo o abuso sexual. Por meio da escrita podemos fazer pelo menos os leitores refletir sobre o que é permitido e o que não é. Mas imagina se ao invés de mostrarmos o erro para ser corrigido, incentivarmos romantizando a historia. — Depois não quer que exista "estupro culposo" desculpa mas tenho que ser realmente dura com as palavras.
É isso que acontece, em um outro sucesso da literatura erótica, além do sucesso do livro ainda temos o filme de mesmo nome, é ele mesmo o livro da autora polonesa Blanka Lipinska "365 DNI" sim, eu sei que todas amamos o romance, confesso que nas cenas do trailer eu mesma admirei, mas naquele momento eu não assistir ao filme com olhos CRÍTICOS. —E você que assistiu se questionou, estudou cada parte daquela bela história? Então vamos analisar.
A personagem Laura Biel é sequestrada por Máximo, e tem um ano para se apaixonar por ele os esteriótipos de macho alfa, se repetem, assim como a tortura psicólogica, há também estupro e a Síndrome de Estocolmo.
Observem a sua estante de livros Eróticos e vejam o quanto esse esteriótipo se faz presente, menosprezando a mulher e elevando o ego masculino, quando não parte para a violência, quando a vontade do homem é contrariada, o que não temos é a liberdade sexual feminina como assunto principal.
Mas é só ficção?
Não somos um estereótipo da imagem de uma mulher ideal, somos muito mais do que isso, o lugar de princesa que precisa ser salva, da mulher submissa ao marido, sem voz, sem atitude, já está vazio, nós nos salvamos sozinhas.
Os questionamentos sobre obras assim nos fazem refletir, quais são as razões de não sermos representadas de forma realista, da mulher que conquista a sua própria independência, que tem o poder em suas mãos, que exerce a sexualidade para si mesma antes de tudo, livremente. O que queremos é um relacionamento saudável (casuais ou estáveis), onde duas pessoas se admiram e se respeitam, com prazer reciproco.
A nossa autoestima não depende da aprovação de padrões de como devemos ser.
Se for para relatar um relacionamento abusivo que seja como uma forma de alerta, não para romantizar ou tornar positiva a violência que a mulher sofre todos os dias.
E a nós cabe o caminho de se autoconhecer, romper com o abuso, com aquilo que nos impede de sermos autênticas e realizar nossos sonhos, acima de qualquer pessoa.
Então eu pergunto a vocês mulheres, independente de profissão, qual é o teu papel na sociedade? Alertar ou Romantizar? Deixo vocês com essa reflexão.
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Incrivel. Otimas observações que bom que voce compartilhou com a gente. Eu concordo com tido o que vc disse.
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